"Não espere de mim perfeição. Como dizia o maior dramaturgo brasileiro Nelson Rodrigues: “perfeição é coisa de menina moça, tocadora de piano e não de um artista, um artista poderoso, a obra de arte deve ser imperfeita porque eu não posso falsificar a vida.” Aprendi com minha vida a fragmentação.
Vim ao mundo a partir da morte de minha mãe e assim, sem ninguém para me contar a história fui juntando os cacos do que captava acidentalmente dos adultos como em um quebra cabeças. E essa história, ao mesmo tempo terrível e disforme foi tornando-se a versão possível. Cada ano juntando o que era real à fantasia até que eu não pudesse mais distinguir.
Enquanto alguns buscam a beleza e a perfeição eu busco fragmentos, cacos, meias-verdades e a vida com toda sua impureza tornou-se bela. Minha obra é composta com muitos defeitos, muitas vezes sobreponho pedaços de telas antigas à novas com ajuda de cola, pregos, grampos e arames e formando o que pra mim é beleza, uma beleza no caos."
Nelson Baskerville